Na pizzaria, na igreja, na praia, no shopping, na escola, no carro, no cinema, no trabalho, no retiro, no avião, no ônibus, na sala, na cozinha. Em todo lugar e com todas as poses e caretas as pessoas querem fotografar. Esteja onde estiver, já nem chama mais a atenção, flashs sucessivos são disparados. Amigos, familiares, casais, todos querem eternizar o encanto de um momento através da fotografia. Tornou-se um hábito compulsivo, quanto mais se tem, mais fotos se quer.  
Poderia começar este parágrafo exatamente como o anterior, indo da pizzaria até a cozinha. Em todo e qualquer lugar a maioria das pessoas está conectada ouvindo músicas baixadas na internet conforme o gosto pessoal de cada um. É muita música, listas e listas sem fim, tocadas no notebook, no celular, no iPhone, no iPod, no iPad, no carro, na caixa de som, no fone. Também tornou-se um hábito compulsivo, quanto mais se ouve, mais música se quer ouvir.
  
Fotografia e música mexem com sensibilidades. Provocam nosso apetite por arte. Comunicam desejos, intenções, filosofias. Imagem e som carregam a mensagem que cada artista pretendeu. Na ânsia e necessidade de consumir prova-se um pouco de tudo que vem no pacote, tornando sensibilidades um tanto quanto insensíveis, incapazes de discernir o que se está consumindo.
  
Precisamos sair da posição congelada que as tecnologias digitais com todas as suas facilidades nos colocaram. É preciso ver além da imagem e ouvir além do som, fotografando o invisível e ouvindo no silêncio. Machado de Assis, em seu tempo já havia captado essa necessidade, e é de um verso seu que emprestei o título deste texto: O olho do homem serve de fotografia ao invisível, como o ouvido serve de eco ao silêncio.
  
Hebreus afirma que a fé é a prova de coisas que não se veem. As cartas às sete igrejas do Apocalipse sempre concluem com a intrigante advertência: Quem tem ouvidos ouça o que o Espírito diz as igrejas. Ouvir no silêncio e ver no invisível são ações somente possíveis aos que andam por fé. E a fé não se satisfaz com o óbvio, poética e profeticamente ela vê além, pois sabe que nada termina aqui. Aqui é só o começo. Silêncio, Deus está aí, bem perto, e falando.

Sorria e capriche no testemunho, Ele está observando cada ângulo de sua vida, e  fotografando.

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