Como fica o contencioso de Dilma

Os institutos de pesquisa, dentro da margem de erro, acertaram desta vez. Dilma venceu as eleições com mais de 56% dos votos válidos. Diferente do que previ, baseado nos trackings internos dos dois partidos, que até sábado davam rigoroso empate técnico, a distância entre o primeiro e o segundo colocado foi maior do que os 2% ou 3%. Chegou a 12%. Mas eu não sou profissional da área e não tenho a obrigação de acertar. Usei a minha intuição com base nos dados que dispunha. Não pretendo, pelo menos por agora, analisar os números. Que o façam os especialistas. Mas um dado não pode passar em branco: o índice de popularidade do presidente Lula, que durante os quase oito anos de governo não teve oposição, é em grande parte responsável por essa vitória.

No que respeita a mim, a única coisa que muda com a eleição de Dilma Rousseff é que a partir do momento em que começar a cumprir o seu mandato, no dia primeiro de janeiro, passarei a tratá-la com a deferência que o cargo exige. Só isso. Não mudo uma vírgula de tudo o que escrevi a seu respeito e manterei vigilância cerrada, neste blog, durante os seus quatro anos de governo. Há fatos que declarações eleitorais não alteram: o DNA do PT é autoritário, o seu projeto de longo prazo passa por implementar diretrizes incompatíveis com a democracia e a estratégia para lograr esses objetivos já existe há muito tempo. O que altera são os ajustes do processo em razão das circunstâncias. Que o digam alguns projetos apresentados em alguns estados, impondo o controle social dos meios de comunicação. É a tentativa de comer pelas beiradas. Pode demorar mais, pode demorar menos, mas o objetivo está lá: é chegar ao socialismo, ainda que isso possa parecer utópico. Chavez já saudou Dilma como a "giganta" que venceu o império. O "companheirismo" desses dois, mais os irmãos Castro, Evo Morales, Rafael Correa e Daniel Ortega, me cheira mal!

Estarei também na "brecha" para acompanhar de perto os parlamentares evangélicos, sobretudo aqueles que avalizaram os compromissos de Dilma Rousseff de não tomar nenhuma medida contra os valores cristãos e a liberdade de expressão e de culto. Alguns deles, como o pregador triunfalista, viajaram o Brasil para convencer as lideranças disso. Agora assumam o peso da responsabilidade. O PNDH 3 e o PLC 122/06, além de outros projetos, são alguns dos contenciosos que continuam em aberto. Depois não venham com a conversa fiada de que a aprovação do projeto "x" foi feita na calada da noite, ou o projeto "y" teve o voto simbólico das lideranças num dia em que havia poucos deputados na Casa. Nas legislaturas anteriores, a blogosfera cristã ainda engatinhava. Hoje são mais de 10 mil blogs cristãos que permitem as notícias correrem o Brasil de uma ponta a outra em questão de horas. Eu e muitos outros estaremos vigilantes. Não deixaremos passar nada em branco! O povo evangélico tem o direito de saber o que fazem aqueles em quem votaram.

Espero, por outro lado, que com esta derrota a oposição tenha aprendido o seu ofício, do qual passou ao largo durante os quase oito anos de mandato do presidente Lula. Não cometa o erro de ser "politicamente correta", mas exerça em plenitude o seu papel crítico, pois essa é a função que, na democracia, cabe a quem perde. Os que votaram em José Serra são mais de 40 milhões de brasileiros que não concordam com tudo que aí está.Este é o voto mais fácil de ser avaliado. É aquele que disse "não" ao governo Lula. Muitos até votaram no candidato do PSDB porque não tinham melhor opção. Acrescente-se que o PSDB foi o partido que mais elegeu governadores. Sete ao todo. Trata-se de um peso considerável. Assim, que a oposição faça oposição. Não defendo a tese do "quanto pior melhor", mas também a oposição não pode ser "vaquinha de presépio" com medo de desagradar o eleitorado.

Concluo sem deixar de afirmar uma vez mais que creio na soberania de Deus. Não posso pensar de outra forma. Seria louco se dissesse que Dilma ganhou porque Deus não teve condições de mudar os corações dos que estavam propensos a votar nela. O máximo até onde posso chegar, baseado nas Escrituras, é que o Altíssimo, por sua não-interferência soberana, possa ter permitido a sua eleição com algum propósito. Qual só o tempo dirá. Quanto a mim (e a quem entenda da mesma maneira), reitero: nada muda. Continuarei a ser essa voz crítica toda vez que surgirem no horizonte espasmos que violentem a democracia.

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