Outro dia
passei por uma situação inusitada. Depois de um dia de muito trabalho -
daqueles em que não vemos a hora de chegar em casa e, literalmente, nos
jogar na cama - me deitei e não consegui dormir. Sentia-me cansado,
quebrado, mas, ainda assim, meu corpo não relaxava de jeito algum. Tive
de insistir muito para descansar.
No dia
seguinte, busquei explicação para essa situação aparentemente
incoerente. Queria saber se um cansaço extremo poderia causar insônia.
Não deu outra! Vários textos foram aparecendo, dentre eles, um de Clyde
Narramore, autor do conhecido livro A Psicologia da Felicidade.
Dizia ele
que o cansaço pode produzir insônia, agitação extrema e até disparada
nos batimentos cardíacos. O corpo - segundo o autor - tem os seus
limites e, desrespeitá-los, pode causar um estrago enorme. Fiquei
pensando nessa questão de desrespeitar o corpo e percebi que, na noite
anterior, fora isso mesmo que me mantivera acordado. Cansei-me tanto que
perdi a noção do equilíbrio entre a força física e a demanda de
trabalho. Foi daí que criei essa frase como uma espécie de termômetro
diante de minhas tarefas do dia a dia: Não posso me cansar demais, senão
não conseguirei descansar.
Na
prática, essa frase me lembra que não adianta reservar um dia para
descanso se nos seis anteriores eu abusei na carga horária. Não
adiantarão trinta dias de férias se nos outros trezentos e trinta e
cinco dias abusei do meu corpo. Se me canso demais, acabo excluindo a
possibilidade de descansar e determinando a enfermidade de meu corpo e
mente. Cansaço atrai cansaço. Se levar meu corpo a uma carga máxima de
cansaço, terei mais facilidade em passar a noite no hospital do que
deitado, dormindo tranquilamente em minha cama.
Pardais no telhado
Líderes
precisam de muita disciplina para não chegar ao limite máximo do
cansaço. Precisam de ajuda nisso. Um mentor, conselheiro ou colega mais
chegado pode ajudar dando dicas sobre como parar antes de ser derrotado
pelo cansaço.
Preocupações,
programações, reuniões fora de hora e outros elementos comuns na vida
de um líder sempre estarão produzindo possibilidades de cansaço extremo.
Se não tomarmos cuidado, perderemos a noção do cansaço e ele impedirá o
nosso descanso. E, se isso acontecer, ficaremos como "pardais no
telhado".
Essa é a
expressão do Salmo 102.7 para descrever alguém que não consegue dormir.
Alguém que não descansa. Quando o cansaço nos tira o sono, ficamos
exatamente como pardais solitários, não propriamente no telhado, mas
talvez no sofá ou defronte ao computador. E, em alguns casos, essa
solidão se torna mais intensa, pois a família e os amigos podem ir se
afastando de nós, enquanto vamos chegando mais e mais ao cansaço
completo diante de um dia-a-dia sem folga, sem descanso, sem parada.
Não seja
um "pardal no telhado". Não se canse a ponto de não conseguir mais
descansar. Tenha coragem de deixar trabalho para o dia seguinte se já
não pode executá-lo hoje. Desmarque aquela viagem que o impedirá de
participar da festa de aniversário de seu filho mais velho. Peça para
alguém substitui-lo naquela reunião e vá dar um passeio com sua amada.
Não permita que o cansaço extremo te faça um escravo do trabalho a ponto
de, no futuro, não poder sequer aproveitar a aposentadoria, devido a
tantas enfermidades do corpo e da mente.
Se não
consegue mais descansar, é sinal que chegou ao limite. E esse limite é
perigoso. É hora de pedir ajuda, de recuar e admitir seu cansaço, sua
exaustão e fadiga. Faça planos concretos para diminuir seu ritmo e
reconsidere sua agenda. Em vez de ser um "pardal no telhado", seja um
"pardal no ninho", pertinho de seus queridos, com a cabeça deitada sobre
o travesseiro, sentindo o gostoso sono que restaura aqueles que estão
cansados, mas não ultrapassaram os limites dados pelo próprio Deus a um
corpo finito e limitado.
Fonte: Instituto Jetro
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